Realizam na China o primeiro transplante de pulmão de porco em um ser humano

A intervenção foi realizada no dia 15 de maio no Primeiro Hospital Afiliado da Universidade Médica de Guangzhou. A equipe médica transplantou o pulmão esquerdo de um porco, que passou por seis edições genômicas, para um homem de 39 anos com morte cerebral. De acordo com o relatório publicado na revista Nature Medicine, o órgão funcionou corretamente e não mostrou sinais de rejeição, infecção ou falha do enxerto durante os primeiros três dias. No total, o pulmão sobreviveu por nove dias, momento em que o estudo foi interrompido a pedido da família do paciente.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEPara evitar a resposta imunológica do corpo humano, o pulmão do porco doador foi submetido a uma engenharia genética avançada. Três genes suínos responsáveis por desencadear a rejeição foram eliminados e, em seu lugar, três genes humanos foram adicionados para ajudar a proteger o novo órgão. Este procedimento se soma a outros xenotransplantes recentes de coração, rins, fígado e timo de porco realizados nos Estados Unidos e na China, onde já foram aprovados ensaios clínicos para fígados e rins suínos este ano.
“Os pulmões são o órgão mais difícil de transplantar”, afirmou Muhammad Mohiuddin, cirurgião e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, que liderou o primeiro transplante de coração de porco em um ser humano vivo em 2022. Mohiuddin elogiou o esforço da equipe chinesa como “um primeiro passo” em direção ao xenotransplante pulmonar, mas alertou que a densa rede de vasos sanguíneos dos pulmões os torna especialmente vulneráveis a ataques imunológicos que podem causar coágulos e danos teciduais.
Chinese scientists published the results of xentransplanting a genetically modified pig lung into a brain dead human.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE — Nick Mark MD (@nickmmark) August 25, 2025
This is an important scientific milestone but an underwhelming result: despite massive immunosuppresion primary graft dysfunction & early rejection occurred.
1/ pic.twitter.com/6mBCJzjNsW
De fato, a equipe de Guangzhou relatou algumas complicações. Vinte e quatro horas após a cirurgia, o pulmão começou a inchar e a apresentar danos nos tecidos, associados à falta de oxigênio durante o procedimento. Embora tenha sido observado dano mediado por anticorpos nos dias três e seis, os pesquisadores destacaram que essa lesão havia diminuído significativamente no nono dia.
Wayne Hawthorne, cirurgião de transplantes da Universidade de Sydney, afirmou que o próximo passo lógico deveria ser a realização de pequenos ensaios clínicos. Esse tipo de transplante poderia oferecer uma alternativa vital para pacientes com doenças pulmonares terminais que enfrentam longas esperas por um doador humano.
Os pesquisadores reconhecem que são necessárias melhorias na preservação de órgãos e modificações genéticas adicionais para reduzir o risco de coagulação e a resposta imunológica. No entanto, essa operação pioneira serve como uma “prova de conceito” fundamental, demonstrando que um pulmão de porco geneticamente modificado pode funcionar em um corpo humano por tempo suficiente para orientar e otimizar procedimentos futuros. O objetivo final do xenotransplante continua o mesmo: salvar as milhares de vidas que se perdem a cada ano devido à escassez de órgãos para doação.
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