OVNIs: Interações e influências ao longo da história

John Keel e Jacques Vallée escreveram extensivamente sobre a ideia de que UAPs/UFOs teriam influenciado diretamente a história humana. Eles sugerem que experiências consideradas divinas — como encontros com esferas luminosas — podem ter ocorrido em momentos decisivos, alterando o rumo dos acontecimentos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEUm exemplo é o livro The Eighth Tower, de Keel, publicado em 1975. Nele, o autor comenta o episódio da conversão de Saulo de Tarso, ou São Paulo, e como um possível encontro com um fenômeno aéreo não identificado poderia ter influenciado sua trajetória e, por consequência, a história:
“[Saulo de Tarso] partiu rumo a Damasco para se juntar ao combate contra o crescente movimento cristão. Ao meio-dia, no deserto, uma luz intensa ‘acima do brilho do sol’ surgiu repentinamente, e Saulo caiu ao chão, possivelmente entrando em transe. Os homens que viajavam com ele teriam ouvido uma voz, mas não viram nada. Quando Saulo se levantou, ou recuperou a consciência, estava cego. Permaneceu assim por três dias. Então Ananias, um cristão que tinha visões, foi guiado até Saulo, tocou nele e curou sua cegueira instantaneamente. Impressionado, Saulo abandonou sua perseguição aos cristãos e mudou seu nome para Paulo. Ele se tornou fundamental na expansão do cristianismo, mesmo sem ter conhecido Cristo pessoalmente. (Ele acreditava que a voz que ouviu vinha do próprio Cristo.)”
— John Keel, The Eighth Tower
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No Novo Testamento, o capítulo 10 de Atos relata outra visão atribuída a São Paulo. Nesse episódio, um elemento descrito como vindo do céu dá instruções relacionadas a alimentos:
“Ele ficou com fome e desejava comer algo; enquanto preparavam a refeição, caiu em transe e viu o céu aberto e algo como um grande lençol descendo, sustentado por quatro pontas. Dentro dele havia todo tipo de animais terrestres, répteis e aves. Uma voz lhe disse: ‘Levanta-te, Pedro; mata e come.’ Mas Pedro respondeu: ‘De forma alguma, Senhor; nunca comi nada impuro ou proibido.’ A voz repetiu pela segunda vez: ‘O que Deus purificou, não considere impuro.’ Isso aconteceu três vezes, e em seguida o objeto foi elevado novamente ao céu.”
— John Keel, The Eighth Tower
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Considerando apenas o que os textos descrevem, pode-se interpretar que a conversão de São Paulo foi associada a um fenômeno aéreo incomum, o que levou a mudanças significativas tanto em sua vida quanto na história do cristianismo primitivo.
Jacques Vallée também menciona esferas luminosas em contextos bíblicos. Ele propôs, ainda, a hipótese de que supostos UFOs acidentados poderiam representar algum tipo de “presente” destinado a estimular o progresso tecnológico humano de forma controlada — teoria frequentemente associada ao incidente de Roswell, em 1947.
Ambos os autores defendiam a possibilidade de que esses fenômenos, sejam eles o que forem, ocasionalmente interfeririam na história humana.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEPor outro lado, é comum observar que tais intervenções não parecem ter ocorrido em eventos marcados por grandes atrocidades, como o regime nazista, Hiroshima e Nagasaki, o massacre de Tulsa e outros episódios violentos. Não houve relatos de “orbes” impedindo decisões que resultaram na morte de milhões. Isso levanta a pergunta: por quê?
Passando agora para o tema das abduções, vale citar alguns pontos.
O primeiro caso moderno amplamente divulgado é o de Barney e Betty Hill, ocorrido em 1961, em uma estrada isolada de New Hampshire. O casal relatou ter sido levado a bordo de uma nave, submetido a exames e a uma troca de informações com seres desconhecidos. O caso Hill permanece como um dos mais conhecidos da ufologia.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEUm detalhe relevante é que os Hills viviam um casamento interracial em uma época em que injustiças raciais eram frequentemente ignoradas pelas autoridades. Em 1961, o movimento dos direitos civis ganhava força nos Estados Unidos, com os Freedom Riders e outros ativistas enfrentando a segregação no sul do país. Barney Hill era engajado no movimento, e Betty participava da NAACP, ajudando pessoas em situação de vulnerabilidade.
Mesmo em um período de grande conflito social e violência, especialmente contra a população negra que já sofria injustiças há gerações, não há relatos de intervenções externas que tenham alterado aquele cenário. Ainda assim, a experiência dos Hills com essas supostas “luzes” vindas do céu foi descrita como algo assustador, não como uma forma de ajuda.

Os orbes poderiam ter usado os Hills como uma espécie de palco, uma plataforma, para transmitir uma mensagem de paz e amor — assim como, segundo algumas interpretações, teriam feito ao orientar os primeiros cristãos sobre perdão — ajudando a interromper violência e mortes. Mas isso não aconteceu.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEMais curiosamente, o caso dos Hills não foi o primeiro relato conhecido de abdução. Esse título geralmente é atribuído a um agricultor brasileiro cuja história é bastante singular.
Antônio Villas Boas afirmou ter sido abduzido em 1957 enquanto arava seu campo durante a noite. Como fazia muito calor durante o dia, ele preferia trabalhar no período noturno. A luz da lua, combinada com a iluminação do trator, era suficiente para o serviço. Na noite de 15 de outubro, ele viu uma luz vermelha descendo do céu e aterrissando próximo à plantação.
Ao se aproximar, Antônio percebeu que se tratava de um objeto estranho, com formato oval. Assustado, tentou fugir com o trator, mas o motor não funcionou. Ele então desceu e começou a correr, quando encontrou uma criatura humanoide de cerca de 1,50 m de altura, que o agarrou. Outras entidades se aproximaram em seguida, dominando o agricultor, que estava apavorado.
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As criaturas alienígenas teriam levado Antônio para dentro da nave e, a partir daí, seu relato fica ainda mais incomum. Ele afirmou que foi despido e colocado em um cômodo com uma humanoide feminina, tão alta quanto os outros seres, mas com cabelos prateados e pelos pubianos e axilares vermelho-vivos. Vale lembrar: esse relato é datado de 1957.
Segundo Antônio, algo tomou conta dele e ele teria ficado extremamente atraído pela figura de olhos semelhantes aos de um felino, resultando em relação sexual entre os dois:
“Quando tudo acabou, a fêmea sorriu para Boas, esfregou o próprio ventre e apontou para cima. Boas interpretou isso como um sinal de que ela criaria o filho no espaço.
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A expressão dela mostrava alívio por terem concluído sua ‘tarefa’, enquanto Boas disse sentir-se irritado, pois achou que havia sido tratado apenas como ‘um bom reprodutor’ para os humanoides.” — Wiki
Esses dois relatos modernos foram investigados por jornalistas, ufólogos e céticos durante décadas. Há controvérsias e diversos argumentos de refutação. Mas esse não é o ponto central da discussão aqui. Deixando de lado as nuances desses casos, qual é a diferença, em termos de impacto pessoal, entre o encontro dos Hills e o de São Paulo?
Existem muitas histórias semelhantes, e nenhuma parece ter coerência entre si.
- Veja também: Tucker Carlson liga OVNIs a “anjos e demônios”
Por que esferas celestes teriam descido para dar conselhos a Saulo de Tarso, levando-o a abandonar a perseguição aos primeiros cristãos? Após essa visão — ou experiência — Saulo deixou de tentar destruir o cristianismo e passou a divulgá-lo, tornando-se Paulo, o Apóstolo. Por outro lado, a experiência dos Hills com uma “esfera celeste” não teve qualquer influência prática sobre o movimento pelos direitos civis ou sobre o racismo, problemas que afetavam profundamente a sociedade norte-americana.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEPor que atribuímos mais importância a uma história do que à outra?
Por que nem sequer consideramos o relato de Villas Boas? Porque parece exagerado demais?
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