Engenheiros realizam primeiro experimento com ataque nuclear triplo

Os resultados, publicados na revista Explosion and Shock Waves, mostram que a estratégia de “choque e pavor” pode ampliar drasticamente o poder destrutivo de um ataque atômico. Embora à primeira vista isso pareça óbvio, o estudo foca em um cenário até então apenas teórico: um ataque nuclear multi-ponto, coordenado para atingir búnqueres ou alvos altamente reforçados. Segundo especialistas, essas estruturas poderiam resistir ao impacto de uma única ogiva nuclear ou mesmo de armas convencionais de alta potência, o que exige repensar as atuais estratégias de defesa.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEPara chegar a essas conclusões, a pesquisa foi conduzida por uma equipe liderada pelo professor associado Xu Xiaohui, da Universidade de Engenharia do Exército Popular de Libertação (EPL). O grupo desenvolveu um sistema experimental inédito em escala mundial e realizou simulações em laboratório.
O experimento utilizou uma grande câmara metálica de vácuo onde, por meio dos princípios da teoria da similaridade, foi possível reproduzir os efeitos de detonações nucleares em grande escala. No centro dessa espécie de “apocalipse em miniatura”, um sistema de gás em alta pressão disparou projéteis contra três esferas de vidro pressurizadas, enterradas em areia de quartzo.
Esse mecanismo simulou a liberação rápida de energia equivalente a três explosões nucleares de baixo rendimento, ocorrendo em sucessão quase perfeita — com apenas 0,8 milissegundo de diferença entre cada detonação.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEPara validar sua configuração, a equipe recriou em escala o famoso teste nuclear norte-americano “Palanquin”, realizado em 1965 e que envolveu uma única ogiva de 4,3 quilotons. Em seguida, compararam os resultados com a simulação de impacto triplo.

Os resultados são surpreendentes:
- Aumento do cráter: a simulação da detonação tripla não apenas produziu um cráter muito maior do que o provocado pelo impacto único do teste Palanquin — que registrou 36 metros de raio e 21 metros de profundidade —, como também duplicou o raio da cratera e ampliou seu volume em uma ordem de magnitude em relação a uma explosão simples de mesmo rendimento total.
- Expansão da zona de destruição: o aspecto mais significativo, segundo os pesquisadores, foi o aumento exponencial da área de devastação projetada na superfície. O território afetado saltou de 6.600 para mais de 80 mil metros quadrados, o equivalente a quase três quintos do tamanho do Pentágono.
“O estudo demonstra que as explosões multiponto aumentam de forma significativa o raio do cráter, o volume e a área de projeção na superfície em comparação com eventos de ponto único, expandindo drasticamente a zona de destruição”, destaca a publicação.
Embora a conclusão óbvia seja que mais explosões geram mais destruição, os cientistas chineses afirmam que o verdadeiro valor de sua pesquisa está no desenvolvimento de um método de teste preciso para uma ameaça que até então permanecia apenas no campo teórico.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEO estudo ressalta que as novas ogivas nucleares de baixo rendimento e penetração terrestre — que, segundo relatórios, estariam em desenvolvimento nos arsenais dos Estados Unidos e da Rússia — podem ter sido projetadas justamente para esse tipo de ataque coordenado.
A pesquisa também alerta para um risco geopolítico: esse modelo de ataque, baseado em explosões nucleares coordenadas de baixa potência, poderia ser interpretado como um uso nuclear “limitado” ou “tático”, reduzindo assim o limiar político para o desencadeamento de um conflito atômico.
Segundo o estudo, os dados obtidos pelo EPL “atendem diretamente às necessidades de segurança e proteção nacional em engenharia subterrânea profunda”. A observação sugere que o objetivo central da pesquisa pode não ser apenas explorar novas formas de ataque, mas também desenvolver búnqueres e fortificações muito mais resistentes, capazes de sobreviver até mesmo a um cenário apocalíptico de tripla detonação.
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Ao mesmo tempo, a própria viabilidade desse tipo de ofensiva sublinha um ponto crucial: para realizar uma tríplice explosão sincronizada com tamanha precisão, seriam necessários sistemas de lançamento hipersônicos, além de controles de voo e temporização extremamente sofisticados — recursos associados apenas aos arsenais nucleares mais avançados do mundo.
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