Devemos tentar enviar uma mensagem ao objeto interestelar 3I/ATLAS?

Um novo visitante vindo das profundezas do espaço está a caminho do interior do nosso Sistema Solar, e sua natureza ainda é incerta. Batizado como 3I/ATLAS, esse objeto interestelar se aproxima da Terra a uma velocidade relativa de 98 quilômetros por segundo — rápido demais para que qualquer foguete terrestre consiga interceptá-lo. No entanto, não é rápido demais para um feixe de luz.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEIsso levantou uma questão tão fascinante quanto controversa na comunidade científica: deveríamos enviar-lhe uma mensagem? A ideia, comparada a iniciar uma conversa em um “encontro às cegas” cósmico, esbarra em dois obstáculos fundamentais.
O primeiro é a inutilidade: se 3I/ATLAS for — como a maioria suspeita — apenas uma rocha gelada, seria como falar com uma parede. O segundo, mais inquietante, é o perigo: caso abrigue algum tipo de inteligência alienígena, nossa mensagem poderia ser interpretada como uma ameaça e provocar uma resposta violenta.
“Diferente da famosa mensagem de Arecibo, enviada em 1974 para um aglomerado estelar a 22.200 anos-luz de distância, o 3I/ATLAS está, em termos cósmicos, no nosso quintal. Qualquer possível retaliação não demoraria milênios para chegar; o objeto, ou alguma sonda que pudesse lançar, poderia alcançar a Terra em questão de meses — talvez até no Natal de 2025”, explicou o astrofísico Avi Loeb em seu blog.
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O que impulsiona esse debate são as estranhas características do 3I/ATLAS. Sua trajetória retrógrada revela um alinhamento quase perfeito com o plano dos planetas do nosso Sistema Solar — um evento cuja probabilidade é de apenas 0,2%. Além disso, o momento de sua chegada parece estar coordenado para um encontro próximo com Marte, Vênus e Júpiter, uma coincidência ainda menos provável, estimada em apenas 0,0005%.
As observações físicas aumentam ainda mais o mistério. O telescópio espacial Hubble detectou um brilho à frente do objeto, mas, ao contrário de um cometa típico, ele não apresenta a característica cauda de gás e poeira atrás de si. Análises espectroscópicas também não encontraram indícios de gás molecular ou atômico.

Essa ausência de atividade cometária lembra o primeiro visitante interestelar conhecido, Oumuamua, que também apresentou uma aceleração não gravitacional sem exibir uma cauda visível. Naquela época, assim como agora com o 3I/ATLAS, alguns astrônomos sugeriram a explicação de um “cometa escuro” — um termo que muitos consideram contraditório para descrever um objeto que se desvia de sua trajetória sem a emissão de gás que deveria causar tal efeito.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEOs críticos dessa teoria argumentam que a classificação de “cometa” pode ser apenas uma tentativa de encaixar fenômenos anômalos em categorias já conhecidas. Eles lembram de casos históricos em que tecnologia foi confundida com objetos naturais.
“No dia 2 de janeiro de 2025, o Minor Planet Center anunciou a descoberta de um novo asteroide próximo à Terra. Menos de um dia depois, retirou a afirmação quando os astrônomos perceberam que esse ‘asteroide’ seguia a órbita do Tesla Roadster, lançado como carga de teste pela SpaceX em 6 de fevereiro de 2018. Reconhecer que esse objeto não era uma rocha, mas sim um automóvel de origem tecnológica, exigiu saber previamente que a SpaceX havia lançado tal veículo. Sem esse conhecimento — como seria o caso de uma sonda interestelar —, esse carro poderia ter sido catalogado, ainda hoje, como um asteroide rochoso”, exemplificou Loeb.

“Anos antes, o objeto 2020 SO, que apresentava uma estranha aceleração causada pela pressão da radiação solar, foi identificado como uma etapa de um foguete da NASA de 1966”, acrescentou.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEA lição é clara: o fato de os astrônomos chamarem algo de “cometa” não significa que realmente o seja. Seria como chamar um elefante de “zebra sem listras”.
Se uma civilização avançada quisesse estudar nosso Sistema Solar, poderia enviar uma nave-mãe capaz de liberar pequenas sondas que, para os nossos telescópios, se pareceriam com pontos sem cauda de cometa, mas com trajetórias anômalas.
Diante da incerteza, a estratégia mais prudente é esperar e observar. No dia 29 de outubro de 2025, o 3I/ATLAS atingirá seu periélio, o ponto mais próximo do Sol. Se for um cometa natural, a intensa radiação solar deverá provocar uma ejeção de gases e poeira, esclarecendo qualquer dúvida. Por outro lado, se nesse momento realizar uma manobra inesperada, aproveitando o impulso gravitacional do Sol, teríamos uma forte evidência de sua natureza artificial.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEEnquanto isso, o Projeto Galileo — uma iniciativa de Loeb dedicada à busca por tecnologia extraterrestre — colocou o 3I/ATLAS em seu radar. Seus observatórios monitorarão o céu em busca de qualquer Fenômeno Anômalo Não Identificado que possa estar relacionado à passagem do visitante.
“Em encontros às cegas, é prudente observar a outra parte antes de iniciar a conversa. Esperemos que nosso encontro com o 3I/ATLAS seja tão entediante quanto um encontro com uma rocha gelada… ou tão inspirador quanto conhecer o estudante mais inteligente de nossa classe galáctica de civilizações avançadas”, concluiu o astrofísico.
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Deus nos livre de não ser um cometa anormal. A ser artificial, com aquelas dimensões, e a imensa “carga” que pode transportar, parece tudo menos uma missão de paz para nos dizer “Olá!”. Com a publicidade sobre nós que andamos há décadas, imprudentemente, a enviar para o espaço, podemos estar ingenuamente a atrair algo que seria melhor não atrair…