Descoberta de um possível planeta no sistema estelar Alfa Centauri: o mais próximo da Terra

A apenas 4 anos-luz de distância, o sistema Alfa Centauri tem sido um alvo chave na busca por mundos além do nosso sistema solar. Este sistema, visível somente do hemisfério sul da Terra, é composto por duas estrelas semelhantes ao Sol, Alfa Centauri A e B, e pela tênue anã vermelha Próxima Centauri. Embora já tenham sido confirmados três planetas orbitando Próxima Centauri, a existência de planetas ao redor de Alfa Centauri A e B tem sido difícil de verificar.
Agora, graças às observações realizadas com o instrumento MIRI do telescópio Webb, obteve-se a evidência mais forte até hoje de um gigante gasoso orbitando Alfa Centauri A. Os resultados foram aceitos em dois artigos publicados no The Astrophysical Journal Letters.
Se confirmado, este planeta seria o mais próximo da Terra dentro da zona habitável de uma estrela semelhante ao Sol. Contudo, por se tratar de um gigante gasoso, os cientistas afirmam que ele não seria adequado para abrigar vida como a conhecemos.
A proximidade do sistema Alfa Centauri oferece uma oportunidade única para coletar dados sobre exoplanetas. Mesmo assim, as observações feitas pelo Webb foram extremamente complexas, pois as estrelas são tão brilhantes e próximas que dificultam a detecção de planetas mais fracos.
“Essas observações foram um desafio mesmo para o telescópio mais avançado do mundo”, comentou Charles Beichman, coautor dos artigos e membro do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.

A primeira observação ocorreu em agosto de 2024, utilizando uma máscara coronográfica para bloquear a luz de Alfa Centauri A. Apesar do brilho de Alfa Centauri B, que complicou a análise, a equipe conseguiu detectar um objeto mais de 10.000 vezes mais fraco que a estrela, a uma distância aproximada de duas vezes a que separa a Terra do Sol.
Em observações feitas em fevereiro e abril de 2025, não foram detectados objetos semelhantes, o que levou os pesquisadores a realizar simulações computacionais. Essas sugeriram que o planeta poderia estar em uma órbita elíptica, o que explicaria as variações em sua visibilidade, incluindo as ocasiões em que não foi detectado.
Os resultados desta descoberta podem transformar nossa compreensão sobre a formação e evolução dos planetas. Se confirmado, este mundo seria o mais próximo e similar em temperatura e idade aos gigantes gasosos do nosso sistema solar. Sua existência em um sistema com duas estrelas tão próximas poderia desafiar as teorias atuais sobre a formação de planetas.

“O descobrimento abriria novas oportunidades para o estudo detalhado de exoplanetas, tanto com o Webb quanto com outros observatórios”, concluiu Beichman.
O futuro da ciência dos exoplanetas pode estar marcando um marco histórico, aproximando-nos um passo a mais para entender a diversidade de mundos além do nosso sistema solar.