DNA Denisovano e Neandertal ajudou os primeiros americanos a sobreviver

A pesquisa, liderada por Fernando Villanea (Universidade do Colorado Boulder) e David Peede (Universidade Brown), analisou o gene MUC19, responsável pela produção de muco e pela proteção contra patógenos. O estudo indica que povos indígenas das Américas herdaram uma versão desse gene dos Denisovanos, cuja frequência aumentou ao longo do tempo por oferecer vantagem evolutiva.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEHoje, um em cada três mexicanos possui essa variante. Ela está presente em cerca de 20% dos peruanos e em aproximadamente 1% dos porto-riquenhos e colombianos. Entre pessoas de ascendência centro-europeia, ocorre em apenas 1%, diferença atribuída à maior proporção de DNA indígena entre os mexicanos.
O achado mais surpreendente foi a forma de transmissão: o DNA denisovano chegou aos humanos por meio dos Neandertais. A sequência está inserida em um trecho maior de DNA neandertal, o que indica que Neandertais se cruzaram com Denisovanos e depois repassaram o material genético aos humanos. É o primeiro registro de um gene denisovano transmitido com ajuda de um intermediário neandertal.

Os pesquisadores analisaram genomas de 23 indígenas americanos que viveram antes do contato europeu, além de dados genéticos de populações modernas do México, Peru, Colômbia e Porto Rico, comparando-os a sequências de três Neandertais e um Denisovano. O estudo mostrou que o segmento do MUC19 associado aos Denisovanos é longo e contém VNTRs (repetições de DNA) que afetam a ligação da proteína aos açúcares. Indivíduos com esse haplótipo arcaico tendem a ter mais VNTRs, o que pode influenciar a imunidade.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEO estudo demonstra que esse conjunto de genes passou por seleção positiva entre as populações indígenas americanas, ou seja, ofereceu algum benefício que ajudou na sobrevivência. “Em termos evolutivos, isso é um avanço incrível”, disse Villanea. “Revela um grau de adaptação e resiliência em uma população que é simplesmente impressionante.”

Ainda não se sabe como essa variante denisovana chegou tão longe nas Américas, mas os cientistas acreditam que ajudou os primeiros habitantes a lidar com novos climas, alimentos e patógenos. A seleção natural provavelmente espalhou o gene entre os povos indígenas ao longo de milhares de anos.
Embora os Denisovanos tenham sido identificados há apenas 15 anos, suas marcas genéticas permanecem: até 5% do genoma de alguns habitantes da Oceania é composto por DNA denisovano. A pesquisa mostra que sua influência se estendeu às Américas, afetando a saúde e a sobrevivência das comunidades indígenas.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEVillanea e colegas agora planejam estudar como diferentes versões do MUC19 influenciam a saúde de populações latino-americanas e indígenas.
Mais informações: Villanea, F. A., Peede, D., Kaufman, E. J., Añorve-Garibay, V., Chevy, E. T., Villa-Islas, V., … Huerta-Sánchez, E. (2025). *The MUC19 gene: An evolutionary history of recurrent introgression and natural selection*. Science (New York, N.Y.), 389(6762). doi:10.1126/science.adl0882
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