3I/ATLAS mostra sua crescente cauda em uma nova imagem do observatório Gemini Sul.

Durante duas horas, os participantes puderam interagir diretamente com os astrônomos, fazer perguntas sobre a ciência dos cometas e acompanhar em tempo real o progresso das observações. O evento atraiu espectadores de várias partes do mundo, da Europa à Nova Zelândia.
Na imagem obtida, o cometa exibe uma ampla coma — a nuvem de gás e poeira que envolve seu núcleo — e uma cauda que se estende por cerca de 1/120 de grau no céu, apontando na direção oposta ao Sol. Esses traços aparecem muito mais destacados do que em registros anteriores, indicando que o 3I/ATLAS se tornou mais ativo em sua jornada pelo interior do Sistema Solar.
Embora as imagens sejam impressionantes, o principal objetivo científico da sessão foi obter o espectro do cometa, ou seja, uma análise dos comprimentos de onda da luz que ele emite. Esse estudo fornece informações cruciais sobre sua composição e química, permitindo aos cientistas entender como ele muda ao atravessar nosso vizinho cósmico.

Karen Meech, astrônoma do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí e líder do programa científico, explicou: “Os principais objetivos eram observar as cores do cometa, que fornecem pistas sobre a composição e o tamanho das partículas de poeira, e obter espectros para uma medição direta de sua química. Ficamos entusiasmados ao ver o crescimento da cauda e tivemos nossa primeira visão de sua composição química a partir do espectro”.
As novas observações sugerem que a poeira e o gelo do 3I/ATLAS são muito semelhantes aos dos cometas nativos do nosso Sistema Solar, o que indica processos de formação planetária comuns em sistemas ao redor de outras estrelas.
Cometas interestelares são extremamente raros. O 3I/ATLAS, detectado pela primeira vez em 1º de julho de 2025, é apenas o terceiro exemplo confirmado, após o 1I/‘Oumuamua em 2017 e o 2I/Borisov em 2019. Diferente dos cometas ligados ao Sol, o 3I/ATLAS segue uma órbita hiperbólica que eventualmente o levará de volta ao espaço interestelar. Sua breve passagem oferece uma oportunidade única para estudar material formado ao redor de uma estrela distante.
“Essas observações oferecem tanto uma visão impressionante quanto dados científicos essenciais”, comentou Bryce Bolin, cientista da Eureka Scientific. “Cada cometa interestelar é um mensageiro de outro sistema estelar e, ao estudar sua luz e cor, podemos começar a compreender a diversidade de mundos além do nosso”.
Bolin será o anfitrião de uma nova sessão em novembro de 2025, quando o cometa reaparecerá após passar atrás do Sol, desta vez conectando o público ao telescópio Gemini Norte, no Havaí. A iniciativa não apenas avança o conhecimento científico, mas também inspira a próxima geração de exploradores.