Primeiro “Robô Gestacional” do Mundo Será Lançado no Próximo Ano

Uma empresa chinesa de tecnologia está se preparando para lançar o que pode ser o primeiro “robô gestacional” do mundo.
O conceito, desenvolvido pela Kaiwa Technology, com sede em Guangzhou, consiste em um humanoide projetado com um útero artificial embutido em seu abdômen, capaz de levar um feto por toda uma gravidez de dez meses e dar à luz a um bebê, segundo a mídia chinesa. O robô, com aparência feminina, foi projetado para manter uma temperatura corporal constante, simular respiração e batimentos cardíacos humanos e até se mover e interagir, permitindo que futuros “pais” conversem e até “abracem” o robô durante a gestação.Com estreia prevista para 2026 e preço abaixo de 100.000 yuan (cerca de US\$ 13.900), o robô tem como objetivo oferecer uma alternativa à gravidez tradicional para aqueles que desejam evitar os riscos e complicações da gestação humana.
O anúncio, feito em 8 de agosto de 2025, rapidamente se tornou um dos assuntos mais pesquisados na plataforma de mídia social chinesa Weibo.
A notícia gerou intenso debate público — variando entre preocupações éticas e expectativas esperançosas de casais inférteis.
Dentro do contexto mais amplo da inovação robótica na China, pesquisadores chineses também apresentaram recentemente o GEAIR, considerado o primeiro robô reprodutor do mundo movido a inteligência artificial, capaz de navegação autônoma e polinização cruzada em plantas, reduzindo custos, encurtando ciclos e aumentando a eficiência na agricultura.
A ousada proposta do robô gestacional humanoide foi apresentada durante a Conferência Mundial de Robótica 2025 em Pequim por Zhang Qifeng, fundador da Kaiwa Technology e professor afiliado à Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, segundo a ECNS. De acordo com Qifeng, o projeto vai além de uma simples incubadora: trata-se de um humanoide em tamanho real equipado com um útero artificial capaz de replicar todo o processo, da concepção ao parto.

As revelações foram feitas em uma entrevista com o Dr. Zhang publicada no Douyin, a versão chinesa do TikTok. No vídeo, ele afirmou: “Comecei o desenvolvimento para enfrentar a questão do declínio populacional”, acrescentando que, embora a maternidade substituta comercial seja ilegal na China, ele pretende atender pessoas que não desejam se casar, mas ainda querem ter filhos.
A principal inovação está no útero artificial, onde o feto se desenvolve em líquido amniótico sintético e recebe nutrientes por meio de uma série de tubos, simulando a gravidez natural. Esse sistema de “útero externo” é essencialmente um ambiente de cultura de embriões de longo prazo. Ele não apenas fornece oxigênio e nutrientes, mas também monitora e registra continuamente sinais vitais e parâmetros de desenvolvimento fetal, como frequência cardíaca e níveis de oxigênio, ajustando o ambiente conforme necessário. Zhang afirmou que essa tecnologia já está bem estabelecida em laboratórios, com testes em animais mostrando resultados promissores, e que o próximo passo é integrá-la a uma forma humanoide, permitindo a interação entre humanos e robôs durante a gestação.
O pesquisador prevê que um protótipo do robô estará pronto dentro de um ano, com preço inferior a US\$ 13.900. Quanto às questões éticas e legais, ele disse que já está em diálogo com as autoridades da província de Guangdong e que propostas estão sendo discutidas como parte de deliberações políticas e legislativas em andamento.
O anúncio gerou ampla repercussão nas redes sociais chinesas. Críticos condenaram a iniciativa, classificando-a como eticamente questionável e antinatural. Muitos argumentaram que privar um feto da conexão materna seria cruel, além de levantarem preocupações sobre a origem dos óvulos usados no processo. Um usuário do Weibo perguntou: “Isso é mesmo legal? A tecnologia pode ser usada para o bem, mas não deve ser usada de forma irresponsável.
”Por outro lado, vários usuários celebraram a inovação, vendo-a como uma forma de poupar as mulheres do sofrimento físico e emocional da gravidez. Um escreveu: “Muitas famílias gastam fortunas com inseminação artificial e ainda assim não conseguem ter filhos. O robô gestacional poderia contribuir para a sociedade.” Outro comentário favorável acrescentou: “Isso poderia libertar completamente as mulheres, permitindo que a humanidade se reproduza sem dor.
”O Dr. Zhang Qifeng afirmou em sua entrevista que a tecnologia do útero artificial já está em um estágio maduro e apresentou resultados promissores em testes com animais.
O que o Dr. Zhang descreve como um “útero artificial” baseia-se em uma linha de pesquisa que ganhou atenção mundial em 2017. Cientistas do Children’s Hospital of Philadelphia (CHOP), nos Estados Unidos, desenvolveram um sistema para apoiar o crescimento de cordeiros extremamente prematuros fora do útero.
O dispositivo, conhecido como “Biobag”, é essencialmente uma bolsa plástica estéril e selada, preenchida com líquido amniótico artificial (uma solução eletrolítica). O cordeiro prematuro é colocado dentro da bolsa, e seu próprio coração bombeia o sangue através de um sistema externo de troca gasosa que funciona como uma placenta, fornecendo oxigênio e nutrientes.
No estudo, os cordeiros — equivalentes a um feto humano de 23 a 24 semanas — não apenas sobreviveram, mas também continuaram a se desenvolver normalmente por quatro semanas. Eles abriram os olhos, cresceram lã e se desenvolveram ainda mais, demonstrando que a gestação extrauterina era viável.
Esse foi um marco significativo e é frequentemente citado como a principal prova de conceito para a tecnologia do útero artificial.
🔎 Atualização – 18 de agosto de 2025
Após a publicação desta matéria, verificamos que alguns dos principais materiais de divulgação sobre o suposto lançamento do “robô gestacional” deixaram de estar acessíveis. Vídeos da entrevista com o Dr. Zhang Qifeng no Douyin (versão chinesa do TikTok), bem como links que circulavam em portais chineses de notícias, foram removidos ou não estão mais disponíveis.
Essa ausência de registros verificáveis levanta dúvidas sobre a autenticidade do anúncio e a própria existência do projeto da Kaiwa Technology. Até o momento, nenhuma instituição científica reconhecida ou órgão oficial chinês emitiu confirmação sobre o desenvolvimento e futuro lançamento do dispositivo.
Especialistas consultados em bioética e robótica também apontam que um sistema gestacional totalmente funcional em forma humanoide estaria muito além do estado atual das pesquisas, o que reforça a necessidade de cautela.
Enquanto não surgirem novas evidências concretas, a notícia deve ser considerada com cautela, podendo tratar-se de um boato tecnológico ou divulgação enganosa. Seguiremos acompanhando o caso e traremos atualizações se novas informações forem publicadas por fontes confiáveis.
Via: Ovniologia