O telescópio James Webb encontra indícios de água em TRAPPIST-1e

“TRAPPIST-1 é uma estrela muito diferente do nosso Sol, pelo que o seu sistema planetário também o é, o que põe à prova as nossas suposições teóricas e observacionais”, explicou Nikole Lewis, professora associada de astronomia e líder do programa.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEPara superar esses desafios, Lewis e a sua equipa utilizaram o potente espectrógrafo de infravermelho próximo (NIRSpec) do telescópio espacial James Webb para observar o sistema enquanto o planeta TRAPPIST-1e transitava, ou seja, passava à frente da sua estrela. Após analisar quatro desses trânsitos, os investigadores encontraram evidências de que o planeta já não possui a sua atmosfera primária — a original, composta por hidrogénio e hélio.
Esta perda, longe de ser uma má notícia, abre a porta a uma possibilidade fascinante. Os cientistas teorizam que o planeta pode ter desenvolvido uma atmosfera secundária, mais pesada e densa.
“Depois de perder a sua atmosfera primária, muitos planetas — incluindo a Terra — acumulam uma atmosfera secundária mais pesada. Acreditamos que há uma possibilidade de que TRAPPIST-1e tenha conseguido fazer isso”, disse Lewis. Uma atmosfera desse tipo seria muito mais eficaz para reter a água na superfície e evitar que ela evapore para o espaço.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADESe o planeta abriga água líquida, os autores do estudo afirmam que ele precisaria de um efeito estufa para manter uma temperatura estável e quente, semelhante ao que ocorre na Terra com gases como o dióxido de carbono. Embora as medições atuais não detectem CO₂ diretamente, elas também não descartam a sua presença em quantidades suficientes para manter a água líquida.

Devido à sua proximidade com a sua estrela, uma anã vermelha muito ativa, acredita-se que TRAPPIST-1e esteja preso por maré. Isso significa que ele sempre mostra a mesma face para a sua estrela, criando um lado de dia perpétuo e um lado de noite eterna. Nesse cenário, a água líquida poderia existir de duas maneiras:
- Como um oceano global que cobre todo o planeta.
- Ou concentrada na área onde a estrela está em um “meio-dia perpétuo”, cercada por vastas extensões de gelo nas zonas mais frias.
A busca por respostas não para por aqui. O telescópio Webb tem programadas 15 observações adicionais de TRAPPIST-1e. Numa estratégia engenhosa, os cientistas também observarão o planeta vizinho, TRAPPIST-1b, que é considerado uma “rocha nua” sem atmosfera. Isso permitirá obter uma leitura clara da luz da estrela, ajudando a isolar com maior precisão os sinais que vêm exclusivamente da atmosfera de TRAPPIST-1e e finalmente revelar os seus segredos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEOs resultados foram publicados na revista Astrophysical Journal Letters.
Quer continuar acompanhando conteúdos como este? Junte-se a nós no Facebook e participe da nossa comunidade!
Seguir no Facebook