Webb descarta uma atmosfera semelhante à da Terra no exoplaneta TRAPPIST-1 d

Embora esse planeta rochoso, de tamanho semelhante ao nosso, esteja localizado na “zona habitável” de sua estrela, as novas descobertas reduzem significativamente as esperanças de que seja um “gêmeo” do nosso mundo.
O sistema TRAPPIST-1, localizado a 40 anos-luz de distância, ganhou atenção mundial em 2017, quando foi confirmado que abriga sete planetas rochosos com tamanho semelhante ao da Terra. Entre eles, o TRAPPIST-1 d era um candidato especialmente promissor, pois orbita em uma região onde as temperaturas poderiam permitir a existência de água líquida em sua superfície.
No entanto, as observações feitas pelo espectrógrafo de infravermelho próximo (NIRSpec) do Webb não detectaram moléculas-chave em sua atmosfera, como dióxido de carbono, metano ou vapor de água.
“Em última análise, queremos saber se um ambiente como o que temos na Terra pode existir em outro lugar. Embora o Webb nos dê a capacidade de explorar essa questão em planetas de tamanho terrestre pela primeira vez, neste momento podemos descartar o TRAPPIST-1 d da lista de possíveis gêmeos ou primos da Terra”, afirmou Caroline Piaulet-Ghorayeb, autora principal do estudo publicado no The Astrophysical Journal.
A ausência de um sinal atmosférico claro não significa que o caso esteja encerrado. Os cientistas consideram três cenários principais para o TRAPPIST-1 d:
- Uma rocha estéril: o planeta pode não ter atmosfera alguma
- .Atmosfera muito fina: pode possuir uma atmosfera extremamente tênue, semelhante à de Marte, que seria muito difícil de detectar com os métodos atuais.
- Coberto por nuvens densas: outra possibilidade é que esteja envolto por nuvens muito espessas e em grande altitude, como Vênus, que bloqueiam a luz da estrela e impedem que o telescópio analise a composição atmosférica subjacente.
Ser um planeta no sistema TRAPPIST-1 não é tarefa fácil. Sua estrela é uma anã vermelha, o tipo mais comum da galáxia. Essas estrelas são conhecidas por serem muito ativas e emitirem frequentes erupções de radiação de alta energia. Essa atividade estelar tem o potencial de “arrancar” as atmosferas dos planetas próximos — um destino que o TRAPPIST-1 d, com sua órbita de apenas quatro dias terrestres, pode ter sofrido.
Ainda assim, estudar esses sistemas é fundamental. Se for descoberto que os planetas mais distantes da estrela TRAPPIST-1 conseguiram preservar suas atmosferas, isso demonstraria que é possível a existência de mundos habitáveis mesmo em ambientes tão hostis.
A pesquisa não para por aqui. As observações do Webb sobre os planetas mais externos do sistema (TRAPPIST-1 e, f, g e h) já estão em andamento. Esses mundos, por estarem mais afastados da estrela, têm maiores chances de ter retido uma atmosfera.

“Nem toda a esperança está perdida para as atmosferas dos planetas TRAPPIST-1”, comentou Piaulet-Ghorayeb. Embora não tenha sido encontrada uma assinatura atmosférica clara no planeta d, “ainda existe a possibilidade de que os planetas mais externos retenham muita água e outros componentes atmosféricos”.
Ryan MacDonald, coautor do estudo, concluiu: “Nosso trabalho de detetive está apenas começando. Graças ao Webb, agora sabemos que o TRAPPIST-1 d está longe de ser um mundo hospitaleiro. Estamos aprendendo que a Terra é ainda mais especial no cosmos”.
Quer continuar acompanhando conteúdos como este? Junte-se a nós no Facebook e participe da nossa comunidade!
Seguir no Facebook