As baleias estão tentando se comunicar conosco por meio de bolhas de água, revela o SETI

Você já imaginou se a vida “alienígena” estivesse bem “debaixo do nosso nariz”? E quando digo “debaixo”, quero dizer literalmente abaixo de nós: nos oceanos. O mundo subaquático do nosso planeta é fascinante e revela um ambiente tão misterioso e desconhecido que poderia ser considerado verdadeiramente alienígena.
Cada vez mais, à medida que enviamos equipamentos de monitoramento, como sensores e câmeras, para as profundezas do abismo, capturamos imagens da vasta, rica e complexa biodiversidade que habita esses lugares. Isso nos faz refletir que, dentro da água, ainda em nosso próprio planeta, existe um mundo alienígena esperando para ser explorado.
Entre as criaturas marinhas, o polvo sempre desperta grande fascínio quando falamos de “seres alienígenas da Terra”. Ele é realmente notável e parece totalmente estranho ao nosso ambiente habitual.
No entanto, a criatura que pode nos oferecer insights mais próximos de algo alienígena, em termos de inteligência e comunicação, pode não ser tão impressionante visualmente quanto o polvo.
As baleias, com sua inteligência complexa e aguçada, podem ser as primeiras entre todos os animais terrestres a tentar uma comunicação consciente conosco. Essa tentativa de comunicação poderia nos ajudar a entender melhor as formas de inteligência não humana e orientar a busca por vida além da Terra.
Magníficamente, pela primeira vez na história, baleias jubarte foram documentadas tentando se comunicar com humanos por meio de sinais aquáticos. Assim como fumantes que criam anéis de fumaça, essas baleias foram observadas formando anéis de bolhas de água — uma forma de comunicação que nos dá um vislumbre fascinante de sua complexidade cognitiva.

De acordo com o SETI, cientistas do Instituto e da Universidade da Califórnia, em Davis, registraram pela primeira vez baleias jubarte criando grandes anéis de bolhas durante interações amigáveis com humanos — semelhante à forma como fumantes sopram anéis de fumaça. Esse comportamento, pouco estudado até então, pode representar brincadeira ou até mesmo uma forma de comunicação consciente.
Embora já se soubesse que as baleias jubarte usam bolhas para cercar presas ou durante disputas no cortejo, essas novas observações revelam um comportamento diferente: elas estão formando ativamente anéis de bolhas na presença de humanos. Para a equipe do WhaleSETI, esse tipo de interação representa um passo importante na compreensão da inteligência não humana e, potencialmente, na orientação da busca por vida inteligente além da Terra.
O Dr. Laurance Doyle, do Instituto SETI e coautor do estudo, explica: “Uma das suposições centrais na busca por inteligência extraterrestre é que seres inteligentes estariam interessados em fazer contato com humanos. Observar o comportamento curioso das baleias jubarte apoia independentemente essa ideia em nosso próprio planeta.”
Fred Sharpe, coautor do estudo e afiliado à UC Davis, acrescenta que as baleias jubarte vivem em sociedades complexas, usam ferramentas de bolhas e até ajudam outras espécies ameaçadas por predadores. “Agora observamos elas soprando anéis de bolhas em nossa direção, possivelmente tentando interagir de forma lúdica, avaliar nossas respostas ou até mesmo se comunicar”, disse ele.
A fotógrafa marinha e coautora Jodi Frediani, também da UC Davis, enfatiza que esse comportamento curioso é comum. “Identificamos várias baleias jubarte de diferentes populações ao redor do mundo que se aproximaram voluntariamente de barcos e nadadores, soprando anéis de bolhas durante esses encontros. É notável testemunhar essa combinação de curiosidade e inteligência em ação.”

As descobertas da equipe foram publicadas recentemente na revista Marine Mammal Science, em um artigo intitulado “Humpback Whales Produce Bubble Rings in Poloidal Vortices” (Baleias jubarte produzem anéis de bolhas em vórtices poloidais). O estudo analisou 12 episódios de produção de anéis de bolhas, envolvendo 39 anéis criados por 11 baleias individuais.
Semelhante aos estudos antárticos ou outros análogos terrestres usados como proxies para Marte, a equipe Whale-SETI está investigando sistemas de comunicação inteligentes, não terrestres (aquáticos) e não humanos, com o objetivo de desenvolver filtros que auxiliem na análise de sinais cósmicos na busca por vida extraterrestre. Conforme observado por Karen Pryor, “os padrões de produção de bolhas em cetáceos constituem um modo de comunicação não disponível para mamíferos terrestres” (Pryor, 1990).
Outros membros da equipe e coautores do artigo incluem a Dra. Josephine Hubbard (pesquisadora de pós-doutorado, UC Davis), Doug Perrine (fotografia), Simon Hilbourne (Marine Research Facility, Jeddah, Arábia Saudita), Dra. Joy Reidenberg (Icahn School of Medicine at Mount Sinai, NY) e Dra. Brenda McCowan (UC Davis, Medicina Veterinária), com experiência em inteligência animal, fotografia e comportamento de baleias jubarte, anatomia de cetáceos e IA na análise da comunicação animal, respectivamente.
Um artigo anterior da equipe foi publicado na PeerJ, intitulado “Reprodução bioacústica interativa como ferramenta para detectar e explorar a inteligência não humana: ‘Conversando’ com uma baleia jubarte do Alasca”. Os autores gostariam de agradecer ao Programa Diverse Intelligences da Fundação Templeton pelo apoio financeiro a este trabalho.
Para mais informações, visite WhaleSETI.
Assista ao vídeo de um deles, chamado Thorn, usando essa forma de comunicação na presença de humanos.
Via: Ovniologia
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