NASA confirma a existência de uma possível bioassinatura em Marte

A agência espacial americana, NASA, confirmou durante uma teleconferência a descoberta de uma possível bioassinatura numa rocha marciana. A descoberta está relacionada com uma rocha marciana analisada pelo rover Perseverance. A amostra, chamada “Sapphire Canyon”, foi recolhida em julho de 2024 na região de Neretva Vallis, uma antiga rede fluvial que alimentava a cratera Jezero há milhares de milhões de anos.
Jezero é uma cratera em Marte, localizada no quadrilátero Syrtis Major, com um diâmetro de cerca de 45 km. Acredita-se que tenha sido inundada com água, e a cratera contém um depósito aluvial rico em argila (ou delta). O lago na cratera existia enquanto as redes de vales se formavam em Marte.
Além do leque aluvial, a cratera apresenta depósitos aluviais em meandros e também canais invertidos. A partir do estudo do delta e dos canais, concluiu-se que o lago dentro da cratera provavelmente se formou durante um período de escoamento superficial contínuo. Em 2007, após a descoberta do seu antigo lago, a cratera foi batizada em homenagem a Jezero, uma cidade na Bósnia e Herzegovina, uma das várias cidades com o mesmo nome no país. Em algumas línguas eslavas, a palavra jezero significa “lago”.
Em novembro de 2018, foi anunciado que Jezero havia sido selecionado como local de aterragem para o rover Perseverance, como parte da missão Mars 2020 da NASA.

Recolhida numa rocha chamada “Cheyava Falls” no ano passado, a amostra denominada “Sapphire Canyon” contém potenciais bioassinaturas, de acordo com um artigo publicado na quarta-feira na revista Nature.
Uma potencial bioassinatura é uma substância ou estrutura que pode ter origem biológica, mas que requer dados ou estudos adicionais antes que se possa chegar a qualquer conclusão sobre a presença ou ausência de vida.
“Esta descoberta da Perseverance, lançada durante o primeiro mandato do presidente Trump, é a mais próxima que já chegámos de descobrir vida em Marte. Identificar uma potencial bioassinatura no Planeta Vermelho é uma descoberta inovadora que irá avançar a nossa compreensão de Marte”, disse o administrador interino da NASA, Sean Duffy. “O compromisso da NASA em conduzir ciência de alto padrão continuará enquanto perseguimos o nosso objetivo de colocar americanos na superfície rochosa de Marte.”

A Perseverance chegou às Cataratas de Cheyava em julho de 2024, enquanto explorava a formação “Bright Angel”, um conjunto de afloramentos rochosos ao longo das margens norte e sul do Neretva Vallis, um antigo vale fluvial com cerca de 400 metros de largura, esculpido pela água que há muito tempo fluía para a cratera Jezero.
“Esta descoberta é o resultado direto do esforço da NASA para planear, desenvolver e executar estrategicamente uma missão capaz de fornecer precisamente este tipo de ciência — a identificação de uma potencial bioassinatura em Marte”, disse Nicky Fox, administradora associada da Direção de Missões Científicas da NASA na sede em Washington. “Com a publicação deste resultado revisado por pares, a NASA está a disponibilizar esses dados à comunidade científica para estudos adicionais, a fim de confirmar ou refutar sua potencial origem biológica.”
Os instrumentos científicos do rover descobriram que as rochas sedimentares da formação são compostas por argila e sedimentos, que na Terra são excelentes preservadores da vida microbiana do passado. Elas também são ricas em carbono orgânico, enxofre, ferro oxidado (ferrugem) e fósforo.
A combinação de compostos químicos que encontramos na formação Bright Angel poderia ter sido uma rica fonte de energia para o metabolismo microbiano”, disse Joel Hurowitz, cientista da Perseverance na Universidade Stony Brook, em Nova Iorque, e principal autor do artigo. “Mas só porque vimos todas essas assinaturas químicas convincentes nos dados, não significava que tínhamos uma potencial bioassinatura. Precisávamos analisar o que esses dados realmente significavam.”

Os instrumentos PIXL e SHERLOC do rover Perseverance foram os primeiros a analisar a rocha em Cheyava Falls, uma formação em forma de lança. Durante a investigação, eles detectaram manchas coloridas na rocha, que podem ter se formado a partir da atividade microbiana usando elementos do sedimento — como carbono orgânico, enxofre e fósforo — como fonte de energia.
Imagens de alta resolução revelaram um padrão mineral distinto, apelidado de “manchas de leopardo”, contendo minerais ricos em ferro, como vivianita e greigita. Na Terra, esses minerais podem se formar em associação com matéria orgânica e vida microbiana. A combinação encontrada em Bright Angel sugere que reações de transferência de elétrons, potencialmente mediadas por vida microbiana, podem ter produzido energia para o crescimento.

No entanto, esses minerais também podem se formar de forma abiótica — sem envolvimento biológico — em condições como altas temperaturas, acidez ou interações com compostos orgânicos. As rochas de Bright Angel não mostram evidências de altas temperaturas ou acidez, e ainda não está claro se os compostos orgânicos presentes poderiam catalisar a reação em baixas temperaturas, tornando a hipótese biológica mais plausível, mas não conclusiva.
A descoberta é particularmente notável porque envolve rochas sedimentares mais jovens do que as estudadas anteriormente, sugerindo que Marte pode ter sido habitável por períodos mais longos ou mais recentemente do que se pensava. A pesquisa foi revisada por pares, um passo essencial para validar descobertas tão significativas.
Os cientistas usam ferramentas como a escala CoLD e os Padrões de Evidência para avaliar a confiabilidade dos dados relacionados à vida extraterrestre, ajudando a determinar se os sinais observados podem realmente indicar a presença de vida além da Terra.
Via: Ovniologia
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