O telescópio James Webb revela a estranha atmosfera do cometa interestelar 3I/ATLAS

Ontem publicamos a notícia sobre os dados obtidos pelo observatório espacial SPHEREx da NASA, que confirmaram que o 3I/ATLAS está expelindo uma enorme quantidade de dióxido de carbono, a uma taxa de 70 kg por segundo. No entanto, o instrumento detectou uma ausência quase total de vapor de água, estabelecendo um limite máximo muito baixo para um cometa comum.
Agora, a poderosa visão infravermelha do James Webb deu uma olhada no objeto interestelar, chegando a conclusões semelhantes sobre a composição de sua “atmosfera” ou coma.
A principal conclusão do estudo, publicado como pré-impressão em 25 de agosto de 2025 e divulgado pela NASA, é que a atmosfera de 3I/ATLAS é dominada por gás carbônico (CO2).
Normalmente, os cometas do nosso sistema solar, ao se aproximarem do Sol, liberam principalmente vapor de água (H2O) à medida que seus gelos se aquecem e se sublimam (passam do estado sólido para o gasoso). No entanto, as observações do 3I/ATLAS, realizadas pelo Webb, mostram uma proporção de dióxido de carbono oito vezes maior do que a de água. Este é um dos níveis mais altos já registrados em um cometa, tornando o 3I/ATLAS um objeto excepcionalmente peculiar.
Além do CO2 abundante, o telescópio também detectou a presença de água, monóxido de carbono (CO), grãos de poeira e gelo de água na coma do cometa, confirmando que se trata de um corpo gelado e ativo.
O que significa essa estranha composição?
Esta descoberta oferece pistas cruciais sobre o local de origem de 3I/ATLAS, um sistema planetário a anos-luz de distância. Os cientistas propõem duas possíveis explicações para sua atmosfera rica em CO₂:
- Uma origem muito fria: o cometa pode ter se formado em uma região extremamente gelada de seu sistema estelar original, muito próxima da “linha de gelo” do dióxido de carbono. Nessa área, o CO₂ congela em grande quantidade, o que faria com que o cometa fosse intrinsecamente rico nesse composto.
- Uma crosta isolante: outra possibilidade é que a superfície do cometa possua uma crosta ou manto que isole o calor, impedindo que a radiação solar penetre e evapore o gelo de água presente em seu interior. Esse fenômeno poderia ser resultado da longa jornada do cometa através do espaço interestelar, onde a radiação cósmica pode ter alterado sua superfície.
Um objeto que convida à especulação
O que está claro é que o 3I/ATLAS é um visitante que desafia uma categorização fácil. E quando a ciência se depara com objetos tão anômalos, inevitavelmente se abre a porta para um debate mais amplo que vai além dos dados.
Esse tipo de especulação não é novo; já aconteceu com o primeiro objeto interestelar, Oumuamua. Nesse terreno puramente hipotético, e diante das características estranhas do 3I/ATLAS, surgem ideias como a do “Cavalo de Tróia” cósmico: o cenário em que uma civilização muito avançada (do Tipo II na escala de Kardashev) poderia modificar um cometa natural para usar sua camuflagem e seus recursos como uma sonda sigilosa para explorar outros sistemas solares. Por enquanto, isso pertence ao campo da ficção científica, mas a existência peculiar do 3I/ATLAS garante que o debate continuará.