Os antigos egípcios realmente armavam armadilhas nas pirâmides?

Os antigos egípcios tomaram várias medidas para proteger as pirâmides. Mas eles chegaram a recorrer a armadilhas?
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEA resposta, segundo os egiptólogos, é um enfático não.
“Não, eles não usavam armadilhas nas pirâmides, mas podiam tornar a entrada extremamente difícil!”, disse Reg Clark, pesquisador independente e egiptólogo que escreveu extensivamente sobre a segurança das tumbas no Egito Antigo, em um e-mail ao Live Science.
Não está claro de onde surgiu a ideia de armadilhas dentro das pirâmides do Egito. Tumbas com armadilhas já foram retratadas em filmes (como os da franquia Indiana Jones) e em videogames (como a série Tomb Raider). Mas não parece que os antigos egípcios tenham usado armadilhas do tipo, como um fosso com estacas sob um piso falso ou uma armadilha de corda que deixaria o intruso pendurado de cabeça para baixo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE“As armadilhas são desconhecidas para os egiptólogos”, disse Rolf Krauss, pesquisador independente e egiptólogo que escreveu extensivamente sobre as pirâmides do Egito, em um e-mail ao Live Science. Krauss afirmou que armadilhas não teriam sido eficazes para impedir ladrões que desejavam saquear uma pirâmide. Ele observou que os ladrões de tumbas do Egito antigo trabalhavam em grandes grupos, e uma armadilha não pegaria todos eles.
“Você pode pegar um ou talvez dois ladrões de tumbas com uma armadilha”, disse Krauss. “Mas e os outros? Uma tumba ou construção funerária grande o suficiente para esconder uma armadilha não pode ser invadida e saqueada por uma única pessoa; apenas uma equipe conseguiria fazer isso.” Em vez disso, os construtores de pirâmides usaram uma série de recursos arquitetônicos para evitar que as estruturas fossem roubadas.
Em seu livro “Securing Eternity: Ancient Egyptian Tomb Protection from Prehistory to the Pyramids” (The American University in Cairo Press, 2019), Clark escreveu que um dos motivos pelos quais as pirâmides foram construídas era ajudar a proteger o local de descanso final do faraó. Antes da construção das pirâmides, os faraós eram enterrados em tumbas menores chamadas mastabas — estruturas retangulares de teto plano e paredes inclinadas para dentro — que eram mais fáceis de arrombar, explicou ele. Em contraste, os ladrões de tumbas precisavam cavar um túnel muito mais profundo dentro ou abaixo das pirâmides para chegar à câmara funerária do faraó.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE“A própria massa e a natureza dos materiais resistentes que compunham a superestrutura da pirâmide forneciam um alto nível de proteção às disposições internas no seu interior e/ou abaixo dela”, disse Clark.

Depois que o faraó era sepultado, os corredores e entradas da pirâmide eram bloqueados. Há passagens na Grande Pirâmide que não levam à câmara funerária, mas sua finalidade exata é incerta; não se sabe ao certo se foram criadas para enganar intrusos.
“As próprias obstruções dos corredores e dutos em algumas pirâmides também podiam representar um risco para um intruso”, disse Clark. “Infelizmente, isso ficou evidente na escavação do [arqueólogo egípcio] Zakaria Goneim, na Pirâmide de Sekhemkhet, da Terceira Dinastia, em Sacará, na década de 1950. Enquanto os trabalhadores de Goneim limpavam o corredor principal de acesso à pirâmide, o entulho e as obstruções em um poço de construção acima da entrada principal desabaram sobre eles, matando um e ferindo dois.”
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADENa antiguidade, os egípcios usavam “blocos de pedra deslizantes para fechar as câmaras funerárias”, explicou David Ian Lightbody, egiptólogo e professor adjunto da Universidade de Vermont, em um e-mail ao Live Science.
Lightbody acrescentou que “encantamentos de proteção mágica” eram escritos em algumas pirâmides. Conhecidos como Textos das Pirâmides, eles não “amaldiçoavam” um ladrão de tumbas, mas acreditava-se que forneciam proteção mágica ao faraó enquanto ele avançava em sua jornada pelo além. Um dos trechos diz: “Ósiris, leva todos aqueles que odeiam [o faraó], que falam mal contra o seu nome” (tradução de Samuel Mercer).
Um dos perigos mais sérios para um ladrão era a punição caso fosse pego. Clark destacou que um texto da 20ª dinastia (cerca de 1186 a 1070 a.C.) sugere que a pena para o saque de uma tumba era ter o nariz e as orelhas cortados e, em seguida, ser empalado.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEApesar dessas medidas, as proteções muitas vezes falharam. Muitas pirâmides, incluindo a Grande Pirâmide construída para o faraó Quéops, foram saqueadas na Antiguidade ou na Idade Média (cerca de 500 a 1500 d.C.). Durante a 18ª dinastia (cerca de 1550 a 1295 a.C.), os egípcios pararam de construir pirâmides reais e passaram a enterrar os faraós no Vale dos Reis, uma decisão que pode ter facilitado a vigilância das tumbas. Isso, no entanto, não impediu os roubos; a maioria das tumbas no vale foi saqueada, sendo a de Tutancâmon uma notável exceção.
Quer continuar acompanhando conteúdos como este? Junte-se a nós no Facebook e participe da nossa comunidade!
Seguir no Facebook