As sondas ExoMars e Mars Express da ESA observam o objeto interestelar 3I/ATLAS.

As missões ExoMars TGO e Mars Express, que orbitam Marte, obtiveram as imagens mais próximas já registradas do cometa interestelar 3I/ATLAS por uma espaçonave da Agência Espacial Europeia (ESA). A observação ocorreu em 3 de outubro, quando o objeto passou a cerca de 30 milhões de quilômetros do planeta vermelho.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE“O avistamento é significativo dado que o 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar detectado, depois de 1I/‘Oumuamua e 2I/Borisov. Esses ‘forasteiros’ são altamente valiosos, já que portam pistas sobre a formação de mundos distantes, e suspeita-se que o 3I/ATLAS possa ser o cometa mais antigo já observado, potencialmente bilhões de anos anterior ao nosso próprio Sistema Solar”, destacou a ESA em comunicado.
Ambas as sondas da Agência Espacial Europeia (ESA) utilizaram suas câmeras, originalmente desenvolvidas para fotografar a superfície brilhante de Marte, para registrar o cometa interestelar 3I/ATLAS. Segundo os cientistas, não havia certeza sobre o que esperar de um alvo tão distante e pouco luminoso.
O ExoMars TGO, por meio de sua câmera CaSSIS (Colour and Stereo Surface Imaging System), conseguiu capturar uma série de imagens. O cometa apareceu como um ponto branco ligeiramente desfocado, correspondente ao seu núcleo rochoso e gelado envolto por uma coma — a nuvem de gás e poeira formada quando o objeto se aproxima do Sol.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEImágenes del objeto interestelar 3I/ATLAS tomadas por la sonda ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) de la ESA desde la órbita de Marte. #3IATLAS pic.twitter.com/Yl9om8i52L
— Mystery Planet (@MysteryPlanet) October 7, 2025
Nick Thomas, investigador principal da câmera CaSSIS, explicou que registrar o cometa foi uma tarefa complexa. “Foi uma observação muito desafiadora para o instrumento. O cometa é de 10.000 a 100.000 vezes mais fraco que nosso alvo habitual”, afirmou.
Segundo a ESA, a grande distância impossibilitou que a CaSSIS diferenciasse o núcleo da coma. Ainda assim, a nuvem de gás e poeira — com alguns milhares de quilômetros de extensão — pôde ser observada com clareza.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEEm contraste com o sucesso inicial da ExoMars, as primeiras imagens obtidas pela Mars Express não mostraram sinais do 3I/ATLAS, possivelmente devido ao tempo de exposição mais curto — 0,5 segundos contra os 5 segundos utilizados pelo TGO. Ainda assim, os cientistas continuarão a analisar os registros, incluindo a combinação de várias imagens da Mars Express, na tentativa de identificar o tênue rastro do visitante cósmico.
Além das fotografias, também foi realizada a tentativa de medir o espectro de luz do cometa por meio dos espectrômetros a bordo das duas sondas, um esforço que poderá revelar a composição química da coma e da cauda.
Colin Wilson, cientista de projeto das missões Mars Express e ExoMars na ESA, destacou a relevância da iniciativa: “Embora nossos orbitadores de Marte continuem fazendo contribuições impressionantes para a ciência do planeta, é sempre mais emocionante vê-los responder a situações inesperadas como esta. Espero com expectativa o que os dados irão revelar após uma análise mais aprofundada”.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEA ESA ressaltou a importância desses viajantes interestelares. No próximo mês, a sonda JUICE (Jupiter Icy Moons Explorer) também realizará observações do cometa.

A longo prazo, a ESA se prepara para a missão Comet Interceptor, cujo lançamento está previsto para 2029. A missão aguardará em uma órbita de “estacionamento” até identificar um alvo adequado, seja um cometa primitivo da Nuvem de Oort ou, em um cenário mais improvável, porém muito desejado, um objeto interestelar como o 3I/ATLAS.
- Veja também: Antigo asteróide destruído em colisão tinha água
Michael Kueppers, cientista do projeto Comet Interceptor, destacou a diversidade desses objetos: “Quando o Comet Interceptor foi selecionado em 2019, conhecíamos apenas um objeto interestelar: 1I/‘Oumuamua. Desde então, foram descobertos dois outros, o que demonstra grande diversidade em sua aparência. Visitar um deles poderia proporcionar avanços na compreensão de sua natureza”.
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