Destroier japonês da Segunda Guerra Mundial, Teruzuki, é encontrado ao largo de Guadalcanal após 83 anos.

O naufrágio, a mais de 800 metros de profundidade nas águas das Ilhas Salomão, foi localizado e explorado por veículos operados remotamente (ROVs) durante a expedição Arqueologia Marinha de Guadalcanal, a bordo do navio E/V Nautilus.
Teruzuki — que significa “Lua Brilhante” em japonês — era um contratorpedeiro da classe Akizuki com 134 metros de comprimento, comissionado em 1942. O destino do navio foi selado na madrugada de 12 de dezembro de 1942, enquanto escoltava embarcações de suprimento ao largo do Cabo Esperance, na costa norte de Guadalcanal. Durante um dramático ataque noturno, dois pequenos barcos torpedeiros da Marinha dos EUA, PT-37 e PT-40, dispararam torpedos contra o que acreditavam serem silhuetas inimigas. Um dos torpedos atingiu a popa do Teruzuki, desativando a embarcação e iniciando um incêndio. O contra-almirante Raizo Tanaka — um comandante obstinado apelidado de “Tanaka Tenaz” — foi derrubado inconsciente pela explosão. O fogo acabou alcançando os paióis de munição e causou uma enorme explosão. O contratorpedeiro afundou por volta das 4h40, levando consigo nove tripulantes. A maioria dos marinheiros, incluindo Tanaka, foi resgatada com vida.
A descoberta foi possível graças a um esforço colaborativo liderado pelo Ocean Exploration Trust e apoiado pela NOAA Ocean Exploration, pela Universidade de New Hampshire, pelo governo das Ilhas Salomão e por outras instituições acadêmicas e de preservação do patrimônio marítimo. Os pesquisadores utilizaram mapeamento por sonar do navio de superfície não tripulado DriX, da Universidade de New Hampshire, para determinar a provável localização do naufrágio. Em seguida, os ROVs Hercules e Atalanta foram enviados para explorar o local.
Ao chegar ao fundo do oceano, a equipe encontrou o Teruzuki dividido em duas seções. A popa, a cerca de 200 metros do casco principal, apresentava marcas de cargas de profundidade, refutando a teoria anterior de que a explosão final teria sido causada por detonações internas dessas armas. Apesar de estar submerso há mais de oito décadas, o naufrágio ainda contém munição ativa e representa uma cápsula do tempo carregada de emoção.

Hiroshi Ishii, do Centro de Estudos da Ásia do Sudeste da Universidade de Kyoto, que integrou a expedição, ajudou a confirmar a identidade do navio. Em declaração ao Ocean Exploration Trust, ele comentou sobre a carga emocional da descoberta:
“Mais do que a descoberta em si, ver o Teruzuki desperta uma tristeza real sobre a guerra. Foi muito comovente ver as torres do navio apontadas para o céu. O navio foi projetado para defesa antiaérea, mas acabou enfrentando um tipo de conflito completamente diferente.”
As torres de artilharia dianteiras permanecem fixas no lugar, ainda voltadas para o céu — um lembrete sombrio da missão original do navio: defender-se de ameaças aéreas, não de ataques de superfície. O local também evoca a memória das brutais batalhas navais que ocorreram nos arredores do Iron Bottom Sound. Essa região foi palco de cinco grandes confrontos navais no final de 1942, que resultaram em mais de 20 mil mortos, o afundamento de mais de 100 navios de guerra e a queda de 1.450 aeronaves. Até hoje, menos de 100 desses navios foram localizados.
Esta descoberta é o 12º naufrágio mapeado durante a expedição, todos parte de um projeto contínuo para documentar embarcações militares e aeronaves afundadas no Pacífico. O Teruzuki tem um valor histórico especialmente significativo, pois não havia fotos nem plantas conhecidas do navio, devido ao sigilo imposto durante a guerra.
A expedição está transmitindo seus mergulhos ao vivo pelo site NautilusLive.org, oferecendo um vislumbre raro e inquietante dos campos de batalha submersos da Segunda Guerra Mundial — e trazendo a história de volta à luz após mais de oito décadas na escuridão.
Mais informações: Ocean Exploration Trust